quarta-feira, 16 de julho de 2014

MOÇA JEITOSA DO MINHO

Moça Jeitosa do Minho
Poema de Sebastião da Gama

Viva a poesia toda ingénua
de eu ir sentado ao pé de ti,...
moça jeitosa do Minho !
Levas o fio , as arrecadas .
Levas um saco de retalhos
sobre as pernas.
Vamos os dois de camioneta,
vamos a Braga, Vamos a Braga .

Quando passámos pelas almas
todos tiraram seu chapéu .
( tu nem rezaste, só a pensar
que ias a Braga ... )
Que as boas almas do caminho,
que elas, mocinha ! , me castiguem
se é que eu te miro
com má tenção .

Vamos a Braga ! , vamos a Braga !
Tu vais comprar um lenço novo ,
olhar as montras com enlevo.
Ah! , que as alminhas me confundam,
se o meu enlevo, moça do Minho !,
é diferente do teu enlevo
ao pé das montras da cidade .

E a camioneta roda que roda ...
Tu vais distante : já vais em Braga,
olhando as montras, mercando o lenço.
Se te voltasses, vias meus olhos
tão enlevados,
vias meus lábios, cheios de versos ,
tão enlevados,
que baixarias teus olhos castos .

Não cores moça !
Não foi um beijo que eu te pedi -
Nem os meus versos são mãos de fogo
que te desejam.
São a poesia toda pura
de eu ir sentado ao pé de ti.
Quase que rezam ...
Podia lê-los o Senhor Abade ...

Sem comentários:

Enviar um comentário