ELEGIA
Poema de Sebastião da Gama
Quero morrer ao Poente,
pra que a luz que se esbate...
e se funde no verde das ramadas
seja eu a morrer-me lentamente...
Quero morrer a essa hora mansa,
pra que a Noite depois, quando vier
embalar as estevas e beber
os branquíssimos sonhos do folhado,
pra que a Noite seja o meu cadáver
perfumado...
pra que as Estrelas
sejam bicadas de abutres
no meu cadáver...
Quero morrer ao Poente,
quero que a Noite seja o meu cadáver,
pra que, depois o leve tremular
do Ar,
pra que o nocturno aceno
pleno
de Ritmo e som do Ar,
seja o meu coração vibrando ainda,
a não poder-se conformar
com a Senhora Morte que o deixou
amortalhado em Luar...
Quero morrer à hora do Poente,
à minha hora tranquila...
Que não saiba ninguém, quando no Céu
brilhar a primeira Estrela,
se a luz crepuscular, em mim, num êxtase, morreu,
ou se fui eu
que o espírito nela diluí,
pra ir morrer nos lábios descorados
de uma crinça doente...
Quero morrer ao Poente,
confusamente ouvindo os dobres de finados
que há-de o Vento gemer nos magoados
lírios do campo...
As minhas esperanças
são lenços brancos acenando
de um cais distante, mais distante
de cada vez que me espreito...
São lenços dizendo adeus
ao navio que se demora,
quase não singra, enleado
na saudade dos seus...
Ai que eu as não sei contar,
as minhas esperanças mortas!...
- Pois como podem ser elas
que ao barco fazem sinais,
se eu afinal não parti,
se eu é que aceno,
com lenços brancos, do cais?...
Poema de Sebastião da Gama
Quero morrer ao Poente,
pra que a luz que se esbate...
e se funde no verde das ramadas
seja eu a morrer-me lentamente...
Quero morrer a essa hora mansa,
pra que a Noite depois, quando vier
embalar as estevas e beber
os branquíssimos sonhos do folhado,
pra que a Noite seja o meu cadáver
perfumado...
pra que as Estrelas
sejam bicadas de abutres
no meu cadáver...
Quero morrer ao Poente,
quero que a Noite seja o meu cadáver,
pra que, depois o leve tremular
do Ar,
pra que o nocturno aceno
pleno
de Ritmo e som do Ar,
seja o meu coração vibrando ainda,
a não poder-se conformar
com a Senhora Morte que o deixou
amortalhado em Luar...
Quero morrer à hora do Poente,
à minha hora tranquila...
Que não saiba ninguém, quando no Céu
brilhar a primeira Estrela,
se a luz crepuscular, em mim, num êxtase, morreu,
ou se fui eu
que o espírito nela diluí,
pra ir morrer nos lábios descorados
de uma crinça doente...
Quero morrer ao Poente,
confusamente ouvindo os dobres de finados
que há-de o Vento gemer nos magoados
lírios do campo...
As minhas esperanças
são lenços brancos acenando
de um cais distante, mais distante
de cada vez que me espreito...
São lenços dizendo adeus
ao navio que se demora,
quase não singra, enleado
na saudade dos seus...
Ai que eu as não sei contar,
as minhas esperanças mortas!...
- Pois como podem ser elas
que ao barco fazem sinais,
se eu afinal não parti,
se eu é que aceno,
com lenços brancos, do cais?...
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