sexta-feira, 14 de novembro de 2014

PALAVRAS A FREI AGOSTINHO




PALAVRAS A FREI AGOSTINHO
Poema de Sebastião da Gama

Soubesse eu, Agostinho, aonde paira a tua alma ...
Não. não na quero amor-perfeito ou borboleta...
( só saudade e perfume )
espalmados entre as folhas do teu livro.
Não , não as quero assim torturadas ,
interrogante, trágica,
como ela está na letra dos teus versos.
Preciso é de alcançar-te em beatitude.
É a tua alma plena que eu procuro,
a tua alma liberta, não já tanto a nossa Irmã,
quanto a de quantos a Morte esclareceu .
Não é a alma viva da nossa vida
- que essa é por demais igual à nossa,
mas a tua alma vivada outra vida em que se fala
e em que tudo é simples e claríssimo
e não há incertezas, nem paixões, nem dramas.
Essa sim, só essa pode responder
às mil perguntas ( complicadas, escuras , doentes de incerteza e de paixão e drama )
que sem ordem acodem aos meus lábios.
Tu, ciente de todas as verdades,
tu, aureolado de todas as certezas,
cheio de graça e serenidade,
vem até mim, até ao labirinto
que aos poucos se me foi tornando a alma,
diz-me se vale ou se não vale a pena ,
afligir-me
e tenta perceber o que me aflige.
Que eu , não percebo apenas,
que desde que voltei os olhos para o Mundo
e tratei por Irmãs todas as coisas
Deus nunca mais desceu à minha casa .

E tu, Agostinho, descerás ?
 

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