terça-feira, 4 de novembro de 2014

JANELAS DE ESTREMOZ



JANELAS DE ESTREMOZ
Poema de Sebastião da Gama

Janela fechada,
cortina corrida......
Nem flor a perfuma,
nem moça a enfeita.

- : Ninguém se lhe assoma.
Janela tão triste,
nem ao Sol aberta...

Em toda a cidade
se repete a história
mil vezes; mil vezes,
se olhares a janela
ou desta ou daquela
casinha caiada,
a vês divorciada
do Sol e de tudo
que graça lhe dera.

Há vinte janelas
na casa da esquina?
- Na rua de cá
dez estão fechadas;
outras dez fechadas
na rua de lá.
Ah! tão retraídas!
Ah! tão agressivas!

Que pessoas vivas
foi que as condenaram?

Ó janelas mudas,
 pobres prisioneiras!,
 que pessoas vivas,
 por que expiação,
 vivem na prisão
 em que vos meteram?
 - sem sol que as aquente...
 sem flor que as alegre...

Janela cerrada,
 cortina descida...

Mocinha escondida
 por trás da janela
- quanto mais não vale
 a rosa encarnada
 que a rosa amarela!...

Sem comentários:

Enviar um comentário